domingo, 25 de agosto de 2013

Investimento de Risco

Investir é empregar tempo ou dinheiro sem visar um resultado imediato, mas sim tendo em vista um benefício maior no futuro. Gasto imediato é consumo, seja para satisfazer uma necessidade essencial ou um desejo supérfluo. Boa parte não investe simplesmente porque não ganha nem para o essencial. Mas muitos não investem porque gastam tudo em consumo supérfluo. Entretanto, para investir é preciso ter tempo ou dinheiro sobrando. Ou seja, é preciso ser rico.

Rico é quem tem mais do que precisa. Não adianta ganhar muito e gastar tudo. Esse será pobre em breve. É preciso ganhar o suficiente, além do essencial e saber controlar o desejo. A carência mais frequente não é física, mas afetiva. Por isso o problema da sociedade não é tanto a escassez de recursos para satisfazer as necessidades de todos, mas a inflação dos desejos de alguns tantos. O segredo é precisar de pouco e investir a sobra. Quem age assim gera riqueza em sua vida em mais de um sentido. Esse é o verdadeiro rico. De tempo ou de dinheiro e, no mais das vezes, dos dois.

Aliás, riqueza aparente é o gasto. Tanto mais rico é considerado quanto mais supérfluo e suntuoso é o seu gasto. Na busca da riqueza aparente, muitos se endividam e empobrecem a sua vida em muitos sentidos além do financeiro.

Paralelamente, do lado do tempo, a produtividade aparente é a ocupação. O mais ocupado, apressado e estressado parece mais produtivo. Para se sentirem mais úteis, muitos se ocupam integralmente numa rotina estressante e também empobrecem a sua vida.

Mas guardar dinheiro só por guardar é a maior loucura. Assim como permanecer num ócio estúpido ou distraído. É preciso investir a sobra – visar uma vida mais rica no futuro. O problema é que o futuro é incerto. O medo da incerteza faz com que as pessoas se aferrem ao presente, a uma rotina de trabalho rápido e consumo supérfluo.

Uma coisa é investir em si, outra é investir no outro. Ao investir no outro, multiplicamos nossas capacidades e o investimento é alavancado. Entretanto, o risco é maior. Há três formas de investir no outro: o empréstimo, a associação e o investimento de risco.

Quando eu empresto eu invisto tempo ou dinheiro, mas espero um pagamento certo num futuro determinado. Em princípio o risco está só do lado do tomador e não do prestamista. Para este, o risco é baixo, mas há necessidade de confiança (crédito). O problema do empréstimo é que o ganho futuro é tão mais baixo quanto mais garantido.

Quando eu me associo eu invisto tempo ou dinheiro por um período indeterminado e ilimitado com uma expectativa de compartilhamento proporcional dos ganhos futuros. O ganho e o risco são compartilhados. O problema da associação é o controle sobre os critérios de decisão de proporcionalidade tanto dos ganhos quanto dos eventuais prejuízos. Como as associações se fazem, em princípio, para a vida toda, o grau de confiança é muito elevado, apesar da percepção de risco ser menor. E esse risco é maior para o minoritário, que, portanto, sempre buscará aumentar o seu grau de controle.

Quando eu faço um investimento de risco eu invisto tempo ou dinheiro por um período indeterminado, mas limitado. Além disso, necessariamente, assumo um papel subalterno ou minoritário e confio que o crescimento que proporcionarei ao outro será recompensado dentro do período estipulado. O problema do investimento de risco é... o risco, que só é limitado pelo tempo.

Ou seja, o investidor de risco entra num negócio pensando em ganhar (ou perder pouco) na saída. Em contraste, um sócio entra para ficar. Além disso, o investidor de risco tem mais interesse em crescimento do que em lucratividade. Ou seja, o investidor de risco privilegia o reinvestimento e a alavancagem, enquanto o sócio privilegia a lucratividade e a distribuição de dividendos.

Muitos confundem as três formas de investimento e no Brasil há uma tradicional aversão ao risco. Recém agora está se começando a investir em Bolsa. Mas, até a Bolsa, existem outros três níveis de investimento de risco: anjo, “venture” e “private equity”. Todos visam uma participação minoritária aportando níveis crescentes de investimento e todos, além do capital aportam também expertise e networking. Entretanto, com uma dedicação menor do que a de um sócio.

O investimento anjo ou capital semente financia empresas em estágio nascente com quantias que vão de R$10 mil a R$500 mil. A saída do investidor anjo se dá pela entrada do “venture capital” ou pela compra por um sócio estratégico. O “venture capital” visa empresas em fase de consolidação e crescimento acelerado, investindo de R$500 mil a R$5 milhões. Sua saída se dá pela entrada de fundos de “private equity” ou de um sócio estratégico. Os fundos de “private equity” aportam de R$10 milhões a R$100 milhões em empresas já consolidadas que tenham potencial e apetite de crescimento e sua saída se dá no IPO ou pela venda para um sócio estratégico.

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