O medo da morte é o motor mais forte e mais frequente.
Primeiro o medo da morte física. Sobreviver é a necessidade maior. Todos fazem
de tudo para sobreviver. Isso criou deuses, religiões, mitos e filosofias que
transcendem esta vida, assim como tecnologias que a estendem. Mas há também o
medo da morte social: do abandono, do desprezo, do esquecimento. Precisamos de
amor, de admiração, de atenção. Isso nos leva a agradar, a ser úteis, a dar
para receber, a trocar enfim. O outro – o que ele faz para nós, o que ele pensa
de nós – nos interessa. Fazemos de tudo para ser amados. O amor em suas várias
formas é a segunda necessidade. Mas o medo destas duas mortes é o primeiro
motor.
Desejo não é necessidade. Desejamos um objeto que
acreditamos que satisfará a necessidade. O desejo nasce da necessidade, mas se
dirige ao objeto e se baseia na crença. E o objeto que todos acreditamos que
pode satisfazer qualquer necessidade é o dinheiro. O dinheiro é a epítome e a
encarnação do desejo. Muitos fazem qualquer coisa por dinheiro. Este é o
segundo motor.
O terceiro motor, mais raro e mais fraco, é o ideal. Ideal é
crença e transcendência pura – o esquecimento do eu, do aqui e do agora em nome
de uma perfeição imaginada, de um sonho. Não importa se o sonho é realista, o
que importa é que eu me movo agora em busca dele. Nenhum sonho é real – se ele
nasce da realidade é para transformá-la. Não é a realidade que cria o sonho, é
o sonho que cria realidades e que transforma o mundo. A ideia, o ideal, o
sonho, a fantasia, transformam o mundo real e criam mundos fantásticos. O sonho
é o motor dos gênios e dos loucos. Não para sobreviver, mas para voar.
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