Enquanto a virtude privada é a iniciativa, a virtude pública é a probidade. O agente privado pode tudo que a lei não proíbe. O agente público só pode o que a lei autoriza expressamente. O agente privado explora os limites da lei e novas leis são feitas para defender a sociedade dos excessos dos indivíduos. Portanto, a lei tem mais o sentido de vedar do que o de permitir. Daí, seria de esperar que amplitude da esfera pública fosse bastante restrita.
Não é o que se verifica no Brasil. Aqui todos (pessoas físicas e jurídicas) cobram iniciativa do governo e procuram atrelar seus vagões à pretensa locomotiva estatal. E depois todos criticam os excessos de iniciativa que antes reclamaram. País paradoxal, difícil de entender e de dar certo, como já dizia Tim Maia. “No Brasil traficante se vicia, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, pobre é de direita e rico é de esquerda”. Acrescentemos ao rol dos paradoxos: o político tem iniciativa e o cidadão é probo e pacato.
Pelo menos, assim todos esses personagens se declaram.