sábado, 19 de abril de 2014

Três Motores

O que move a ação? O que faz as pessoas agirem? Três motivações básicas: o medo, o dinheiro e o sonho. Nesta ordem de força e de ocorrência.

O medo da morte é o motor mais forte e mais frequente. Primeiro o medo da morte física. Sobreviver é a necessidade maior. Todos fazem de tudo para sobreviver. Isso criou deuses, religiões, mitos e filosofias que transcendem esta vida, assim como tecnologias que a estendem. Mas há também o medo da morte social: do abandono, do desprezo, do esquecimento. Precisamos de amor, de admiração, de atenção. Isso nos leva a agradar, a ser úteis, a dar para receber, a trocar enfim. O outro – o que ele faz para nós, o que ele pensa de nós – nos interessa. Fazemos de tudo para ser amados. O amor em suas várias formas é a segunda necessidade. Mas o medo destas duas mortes é o primeiro motor.
Desejo não é necessidade. Desejamos um objeto que acreditamos que satisfará a necessidade. O desejo nasce da necessidade, mas se dirige ao objeto e se baseia na crença. E o objeto que todos acreditamos que pode satisfazer qualquer necessidade é o dinheiro. O dinheiro é a epítome e a encarnação do desejo. Muitos fazem qualquer coisa por dinheiro. Este é o segundo motor.

O terceiro motor, mais raro e mais fraco, é o ideal. Ideal é crença e transcendência pura – o esquecimento do eu, do aqui e do agora em nome de uma perfeição imaginada, de um sonho. Não importa se o sonho é realista, o que importa é que eu me movo agora em busca dele. Nenhum sonho é real – se ele nasce da realidade é para transformá-la. Não é a realidade que cria o sonho, é o sonho que cria realidades e que transforma o mundo. A ideia, o ideal, o sonho, a fantasia, transformam o mundo real e criam mundos fantásticos. O sonho é o motor dos gênios e dos loucos. Não para sobreviver, mas para voar.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Princípios de Priorização

1. Priorizar é valorizar.

Prioridade é o que tem valor, o que é importante. E para priorizar bem, é preciso ter clareza sobre os próprios valores. Nós não criamos valores, mas os escolhemos entre as várias propostas que nos fazem. Atendo a demanda do meu chefe porque isso tem valor para mim – seja obedecendo porque valorizo o meu emprego, seja colaborando porque quero cooperar e ser útil. Da mesma forma atendo demandas de clientes, de minha esposa, de meus filhos, de colegas, e as minhas próprias. Entretanto sou sempre eu que escolho em qualquer caso. E sempre de acordo com a minha escala de valores.
2. Priorizar é valorizar em conjunto.

Quando alguém diz que família é uma prioridade, significa que dá valor à família. Mas ainda não está priorizando, está apenas valorizando. A priorização só ocorre quando se comparam valores em conjunto. A prioridade de alguma coisa não é um atributo desta coisa isolada, mas varia conforme o conjunto em que ela é colocada. Isto vale tanto para a importância quanto para a urgência e tem implicações sutis. Uma mesma coisa, quando avaliada em conjuntos diferentes terá prioridades diferentes. Por exemplo, uma mesma tarefa pode ter prioridades diferentes na lista semanal e na lista diária.

3. Urgente é o que não pode ser feito depois.

Depois do quê? Do horizonte de tempo que se está planejando. A urgência de algo é dada pelo seu prazo fatal comparado com o horizonte de tempo que está sendo abarcado no planejamento. Ao fazer o plano do dia, só se deve classificar como urgente o que não se pode deixar para fazer amanhã. Algo cujo prazo é daqui a dois dias só deveria ser classificado como urgente no plano do dia se a sua duração é maior do que o tempo disponível no dia. Entretanto, não pode deixar de ser considerado urgente no plano da semana.

Muitas coisas não têm prazo fatal iminente.  Quase sempre, entretanto, as pessoas usam o prazo como forma de pressão e comprometem-se mutuamente com prazos cuja perda afeta a credibilidade. Mas um prazo comprometido pode ser renegociado sem grande perda de crédito.